10 julho, 2025

Cah Morandi

 





Tem sido uma sombra não saber. não sei como você está. não sei onde você está. não sei com quem você está. não sei se você ainda me vê. não sei se decidiu seguir teus sonhos como fiz. não sei se você parou de fazer as coisas só para ocupar o tempo, com a necessidade de sempre não deixar espaços vazios no dia. não sei se você ainda estaria aqui ao lado, lendo o jornal na cama, enquanto leio o “livro da vez”, compartilhando nossa conversa íntima e silenciosa de todas as noites. não sei se estaria tudo igual ou tudo diferente. não sei se iríamos no abraçar comprimindo a saudade na força do encontro de nossos peitos. não sei se tudo está errado. e, se tiver, já não sei o que fazer. não sei o que teria sido melhor. viver também é bonito deste outro lado, ainda que sem a tua companhia — um bonito de outro jeito, sabe? não sei se isto é verdade. não sei se você está me lendo neste texto, me ouvindo em uma canção que fale por mim, em uma nota do jornal, num anúncio colado no poste enquanto o sinal não abre, mas se estiver, me diga: você conseguiu ter algum tipo de certeza? eu não. e não sei em quanto tempo vou arrepender de continuar cavocando amor no terreno já machucado do meu coração, com medo que eu descubra que não tenha amado ninguém. não sei se amei você, mas sei que todos os dias ainda sinto vontade de te amar. me desculpe se ainda estou aqui. não sei se vou conseguir desaparecer.


Cáh Morandi

26 junho, 2025

TUDO É AMOR


Observa, amigo, em como do amor tudo provém e no amor tudo se resume.


Vida – é o Amor existencial.

Razão – é o Amor que pondera.

Estudo – é o Amor que analisa.

Ciência – é o Amor que investiga.

Filosofia – é o Amor que pensa.

Religião – é o Amor que busca Deus.

Verdade – é o Amor que se eterniza.

Ideal – é o Amor que se eleva.

Fé – é o Amor que se transcende.

Esperança – é o Amor que sonha.

Caridade – é o Amor que auxilia.

Fraternidade – é o Amor que se expande.

Sacrifício – é o Amor que se esforça.

Renúncia – é o Amor que se depura.

Simpatia – é o Amor que sorri.

Altruísmo – é o Amor que se engrandece.

Trabalho – é o Amor que constrói.

Indiferença – é o Amor que se esconde.

Desespero – é o Amor que se desgoverna.

Paixão – é o Amor que se desequilibra.

Ciúme – é o Amor que se desvaira.

Egoísmo – é o Amor que se animaliza.

Orgulho – é o Amor que se enlouquece.

Sensualismo – é o Amor que se envenena.

Vaidade – é o Amor que se embriaga.


Finalmente, o ódio, que julgas ser a antítese do Amor, não é senão o próprio Amor que adoeceu gravemente.


Tudo é Amor.

Não deixes de amar nobremente.


Respeita, no entanto, a pergunta que te faz, a cada instante, a Lei Divina: “COMO?”. 

André Luiz

Fernando Pessoa

 




  O amor, quando se revela,

Não se sabe revelar.

Sabe bem olhar p'ra ela,

Mas não lhe sabe falar.


Quem quer dizer o que sente

Não sabe o que há de dizer.

Fala: parece que mente...

Cala: parece esquecer...


Ah, mas se ela adivinhasse,

Se pudesse ouvir o olhar,

E se um olhar lhe bastasse

P'ra saber que a estão a amar!


Mas quem sente muito, cala;

Quem quer dizer quanto sente

Fica sem alma nem fala,

Fica só, inteiramente!


Mas se isto puder contar-lhe

O que não lhe ouso contar,

Já não terei que falar-lhe

Porque lhe estou a falar...

Fernando Pessoa