22 agosto, 2011

Lésbicas & DSTs


Por Dr. Bruno Molinari e Beatriz Paraguai

Uma coisa que as mulheres lésbicas de forma geral não imaginam, é que elas podem sim ter várias doenças sexualmente transmissíveis, algumas delas até em maior número e com mais complicações do que em heteros ou bissexuais.

Isso se dá por falta de alguns cuidados e informações.

Vamos conversar sobre as principais delas e ver como podemos mudar isso.

DSTs

As DSTs podem ser entendidas como qualquer doença que seja transmitida através de relações sexuais, que podem variar desde um beijo até um ato sexual propriamente dito. Também são conhecidas como DOENÇAS VENÉREAS, uma associação com a deusa Vênus da mitologia grega, responsável pelo amor e sexo.

Na grande parte das vezes a pessoa que está infectada transmite à outra através da relação sexual, mas também pode ser durante o beijo, sexo oral, brincadeiras com dedos , brinquedos, uso de roupas íntimas, enfim tudo que proporcione o contato do vírus ou da bactéria de uma pessoa com a outra.

Entre as lésbicas o número de transmissão do hiv (vírus que provoca aids) são bem baixos, mas outras DSTs apresentam índices altos.

A melhor forma de prevenir o contágio é através da camisinha, mas entre lésbicas isso só é válido no caso de uso de vibradores, objetos, não dá prá usar a camisinha, ainda que a feminina.

O ideal então é que se tenha o máximo de higiene e cuidados com a saúde possíveis.

As DSTs, e aqui não vamos falar da AIDS que merece um capítulo especial, podem levar a sérias complicações como disfunções sexuais, dor durante o ato sexual, esterilidade, aborto, alguns tipos de câncer e até morte.

Como saber se contraiu uma DST

Existem vários sintomas que podem indicar a presença de uma DST, mas muitas delas não têm sintomas e só podem ser diagnosticadas através de consultas ao ginecologista e exames.

Principais sinais e sintomas das DSTs em mulheres:

Aparecimento de feridas (úlceras) em regiões como a vagina, grandes lábios, interior da boca, perto do ânus.

Corrimento: o corrimento da mulher é maior quando ela ovula, mas é um corrimento clarinho e sem cheiro. Se o corrimento mudar de cor, ficar com um cheiro forte, manchar a calcinha ou tiver um sabor diferente, indica fortemente alguma alteração na flora da vagina e a presença de uma DST.

Verrugas nas regiões vaginal e anal são forte indício de DSTs, especialmente o HPV.

Ardência ou coceiras, mais sentidas quando se vai urinar ou no início ou fim da relação sexual. Algumas mulheres podem sentir as duas coisas juntas, ou separadas, ou sentir só de vez em quando.

Dor ou mal estar, geralmente uma dorzinha incômoda abaixo do umbigo, na parte baixa da barriga, quando se urina, evacua ou nas relações sexuais.

DSTs mais freqüentes entre mulheres

1. SÍFILIS

A sífilis é uma DST causada por bactéria que pode ou não ter um período de incubação e até não apresentar sintomas, isso pode variar entre 15 dias até 3 meses.

Os sintomas são muito variados, mas geralmente há o aparecimento de gânglios, que são os órgãos responsáveis pela defesa do organismo, conhecidos como ínguas.

Esse gânglios vão estar aumentados e dolorosos e aparecem geralmente na virilha.

Nesta fase inicial podem aparecer também algumas feridas arredondadas que não doem, nem coçam. E aí aparece um corrimento amarelado pela vagina. Como nesta fase já pode tem as bactérias circulando pelo organismo, podem surgir outros sintomas como febre, mal-estar, cansaço, dores nas juntas. E mesmo antes do aparecimento dos sintomas, a bactéria já está presente no sangue e nas secreções e é possível ser transmitida.

A sífilis é especialmente perigosa em mulheres grávidas, pois pode causar malformações nos fetos.

É uma doença muito séria, mas que tem um tratamento rápido, seguro, barato e eficaz se for descoberta a tempo.

Por isso se você tem algum destes sintomas ou manteve relações sexuais com alguém que teve, é muito importante que procure um ginecologista.

2. Gonorréia ou blenorragia

A gonorréia também é uma doença causada por bactéria e as formas de transmissão são muito parecidas com as da sífilis, ou seja: sexo oral, vaginal, anal, beijos, dedos, brinquedos.

Além deste nome feio prá caramba, a gonorréia tem um período de incubação menor do que o da sífilis, entre dois e sete dias, e homens e mulheres tem sintomas um pouco diferentes.

Sintomas na mulher

Corrimento vaginal

Dor no canal da vagina com irritação

Alterações intestinais

O tratamento também é rápido e eficaz, mas deve ser feito com rapidez.

3. Herpes

A herpes é causada por um vírus, não tem transmissão exclusivamente sexual, mas aparece com uma freqüência maior em regiões como boca e genitais.

O herpes é uma doença da pele, que aparece sob a forma de pequenas vesículas com líquido transparente dentro.

Neste líquido há uma quantidade muito grande de vírus, que infectam outras pessoas onde quer que haja o contato.

As vesículas coçam e ardem, uma dor em queimação. E, uma vez contaminada, a pessoa fica com o vírus latente no corpo para sempre, mas quando sofre algum tipo de desequilíbrio físico ou emocional, como estresse, insolação, queda de resistência, o vírus sai deste estado de latência e a doença reaparece.

O tratamento é feito com pomadas, medicações injetáveis e comprimidos, e apesar de não levarem à cura, agem diminuindo o tempo de duração das existentes e previne o aparecimento de outras.

4. Candidíase

A candidíase é ocasionada por um fungo e tem transmissão especialmente por via sexual ou pelo contato com a secreção deixada por uma pessoa contaminada, como por exemplo nas roupas íntimas.

Os sintomas na mulher são coceira vaginal intensa, saída de corrimento viscoso esbranquiçado pela vagina, com aspecto de leite coalhado. Em mulheres submetidas a grande estresse físico ou emocional, assim como o uso de roupas íntimas pouco ventiladas (apertadas demais ou feitas com tecidos sintéticos como nylon ou lycra) e a falta de higiene íntima são fatores que predispõem a um maior desenvolvimento do fungo da candidíase.

Por isso é muito importante se ter uma vida saudável, se alimentar, usar roupas íntimas de algodão, e nunca usar roupas íntimas usadas de outras pessoas, além de não transar ou fazer sexo oral em alguém que tenha corrimento vaginal.

5. Tricomoníase

A tricomoníase é causada por um protozoário chamado Trichomonas. A transmissão se dá basicamente por via sexual e raramente através do contato com roupas íntimas contaminadas.

Os principais sintomas na mulher são: corrimento esverdeado , malcheiroso, acompanhado de coceira intensa, dor e irritação na vagina.

O diagnóstico é feito pelo ginecologista, na hora do exame mesmo, e o tratamento é com cremes vaginais e comprimidos.

6. HPV ou condiloma

O condiloma ou crista de galoé uma doença de transmissão sexual provocada por um vírus (papiloma), que tem preferência pela região genital de homens e mulheres.

Pode passar desapercebido nos casos leves, mas de modo geral provoca verrugas de tamanhos variados que crescem e se multiplicam.

O período de incubação é bem variável indo de semanas a meses.

O maior problema do HPV é que uma porcentagem dele está associada com o câncer genital (colo de útero) e não tem cura, apesar dos tratamentos serem eficazes para a transmissão e o aparecimento de novas lesões.

O que fazer se tiver com sintomas de DST

Faça apenas o tratamento que seu médico, de preferência ginecologista, der. Não aceite indicações de vizinhos, familiares, amigos ou funcionários de farmácia.

Siga a receita médica e use os medicamentos na quantidade e horas certas. E até o fim do tratamento. Mesmo que não haja mais sinais ou sintomas da doença.

Todos as parceiras sexuais devem ser avisadas e tratadas também.

Deve-se evitar relações sexuais durante o tratamento.

Depois de tantas considerações, situações de risco, doenças envolvidas, será que ainda vale a pena transar?

Transar é uma das melhores coisas do mundo e é um grande prazer.

Claro que vale a pena transar, fazer amor, mais vale mais a pena a gente se conhecer e respeitar, e em qualquer situação só fazer o que é seguro, que não vá te machucar, nem machucar ninguém.

O ideal é fazer acompanhamento ginecológico de seis em seis meses.

Mas muitas lésbicas por vergonha não vão ao ginecologista, mesmo quando alguma coisa não vai bem, e quando vão muitas vezes não falam que são lésbicas, nem o que sentem. Isso leva ao surgimento de muitos problemas e erros pelos quais a maior prejudicada é a própria pessoa.

Por isso, nada de vergonha!

Fonte: Parada Lésbica


http://paradiversidade.com.br/2010/?p=2191