02 julho, 2013

Perdão





*Perdoar a quem te feriu é um escândalo ou motivo de chacota para muita gente, pois, aos olhos humanos, parece injustiça e fraqueza. Muito se fala em perdão, mas pouco se vive o perdão.

O perdão é sempre louvável quando acontece com os outros: o Papa João Paulo II perdoou o atirador, que lindo! O pai perdoou o assassino da filha, que lindo! Mas quando é com você a coisa é diferente: Ah comigo não tem perdão; nunca mais quero ver aquele que me magoou; nunca mais chegará perto da minha casa ou da minha família; comigo é assim: se me trata bem eu trato bem, mas se me trata mal eu odeio. E assim a pessoa torna-se cada vez mais escrava de suas próprias promessas, afinal como alguém que jurou publicamente que jamais perdoaria irá se “rebaixar”?

Contudo, passa cada vez mais a querer justificar a sua atitude de não perdoar: fui muito ofendida(o) e magoada(o). Supervaloriza a situação ao máximo: aumenta, distorce e mente, sempre com o intuito de conseguir a aprovação dos outros para aquela atitude errada. O pior é que essas pessoas sempre vão ao encontro de pessoas, que assim como elas, cultivam a falta de perdão e o rancor, pois na verdade elas não querem uma opinião verdadeira que as façam refletir, elas precisam ser aceitas, precisam da auto-afirmação de que estão certas, mesmo que isso seja mentira.

Se alguém diz algo contrário, elas simplesmente criticam ou se afastam da pessoa, porque não querem ouvir a verdade, preferem o que é mais agradável e sempre é mais agradável, humanamente falando, ouvir que estamos certos. Essa é a primeira diferença de quem perdoa e de quem não perdoa. Quem perdoa está preocupado em agradar a Deus, quem não perdoa está preocupada em agradar a si mesmo e aos outros. Outra diferença não é a situação vivida, nenhuma situação é igual a outra e nenhuma pessoa é igual a outra,  a diferença fundamental é o amor! E ninguém é capaz de dar aquilo que não se tem. Só é capaz de amar quem está repleto de amor! Só é capaz de perdoar quem está repleto de perdão! Quem está repleto de amor, perdoa e quem está repleto de perdão, ama. Amor e Perdão andam juntos. Amor e Perdão não são como o óleo e o vinagre que não se misturam, o Amor e o Perdão se fundem. Quem acha que é capaz de amar sem perdoar ou de perdoar sem amar engana-se a si mesmo.

O Papa João Paulo II, o pai e tantos outros só foram capazes de perdoar porque estavam repletos de Deus e de amor, pois Deus é amor!(cf I Jo 4, 16) Perdoaram porque tinham o desejo sincero de seguir os passos de Cristo: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”. ( Jo 15, 12)


Só quem vive do amor de Deus fonte de perdão e paz é capaz de perceber que perdoar é escolher não pagar na mesma moeda; é desejar o bem; é orar àquele que te feriu. O próprio Jesus nos ensinou isso: “Ora, eu vos digo: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem”. (Mt 5,44)

Perdoar não é fraqueza é fortaleza! Não é injustiça é misericórdia!

Pobre do coração que se acha forte porque mantém a sua jura de jamais perdoar. Acha-se tão forte quanto na verdade é tão fraco. Não perdoar é a atitude mais fácil, não exige nenhum esforço e não lhe dá nenhum mérito: “Se amais somente aqueles vos ama, que recompensa tereis? Os publicanos não fazem a mesma coisa? E se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa?(Mt 5, 46-47)

A força do perdão vem de Deus. Nenhum ser humano, por si mesmo, é capaz de tal ato de amor e doação de vida. Deus que primeiro nos amou, enviou seu filho, Jesus, ao mundo para expiação dos nossos pecados(cf I Jo 10). Encarnado, Jesus vivenciou e ensinou o amor e o perdão em plenitude!

Infelizmente, muitas pessoas e até mesmos “cristãos” ignoram os ensinamentos de Jesus. Preferem apenas ouvir sem praticar, afinal é mais fácil e mais cômodo. Jesus, porém, nos alertou: ”Entrai pela porta mais estreita! Pois larga é a porta e espaçoso o caminho que leva a perdição , e são muitos os que entram! Como é estreita a porta e apertado o caminho que leva à vida, e poucos são os que o encontram!”(Mt 7, 13-14)

Quem ama é capaz de perdoar infinitamente porque o verdadeiro amor não se esgota e nem se limita, ao contrário, é fonte infinita e inesgotável de doação, perdão e paz! Pedro dirigiu-se a Jesus perguntando: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes? Jesus respondeu: Digo-te, não até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes. (Mt 18, 21-22)


http://amareperdoar.blogspot.com.br/2011/04/e-preciso-amar-e-perdoar-em-plenitude.html