27 fevereiro, 2013

Marla de Queiroz






"Que doa. Que rasgue cada véu de ilusão que foi criada.
Que as lágrimas escorram gordas pela face impassível, que se derramem as retinas se o pranto de água e sal não for suficiente.
Que entorpeça, que me leve à beira da loucura essa sutura mal feita.
Ferida que não cicatrizou, eu estava certa.
Havia uma infecção emocional que apenas um bisturi poderia extirpar.
Que seja. Não faço mais curativos e nem lanço mão de placebos.
Que seja insônia, agonia, desespero se for este o caso.
Não conheço vida sem quaisquer umas destas emoções.
Mas que venha tudo: o cru, o imundo, o insuportável.
Que eu possa sentir até o fundo dos poros, que todo o veneno amoleça minhas veias, que a dor, antes obsoleta, pois a vida exigia uma sucessão de alegrias, me corroa com inteireza."
"Mas que eu renasça...
 E cresça.
E que possa receber, após esta limpeza, a paz.
Desejo coragem para quem nasceu pra sentir demais."


Marla de Queiroz
http://pequenasepifaniaseoutrosdevaneios.blogspot.com.br/

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